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13 outubro, 2009




BECO DO LOUCO
Edson Carlos Contar

Pobre gente que não sabe quem sou,
Pobre de mim que não sei quem são.
Não conhecem minha história
E duvidam da minha razão...

Não sabem da noite distante,
Em que ela aqui apareceu,
E, neste beco escuro,
Por migalhas a comprei.

Era linda e carinhosa,
Silhueta maravilhosa,
Que, embevecido, admirei.
E aqui mesmo neste lugar,
Como que num lupanar,
Loucamente eu a amei...

Por um niquel, deu-se tensa,
Entregou-se em silêncio,
E em silêncio partiu.
Refletida, então, na luz,
Percebi em sua linda face
Uma lágrima que caiu...

Sentí-me o pior dos homens,
Por me apoiar na desgraça,
E no desespero de um ser
Que, por uma migalha de pão,
Indiferente à razão,
Saciou o meu prazer.

Desde então, eu a espero,
No lugar em que a encontrei.
Frio, chuva, não importa,
Meu pecado não paguei.

Já grisalho, me agasalho,
Na esperança que, um dia,
Ela passe por aqui,
E possa ouvir-me assim rouco,
Pedir que perdõe o homem,
Que todos chamam de louco!

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